O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

29.6.09

Baú de velharias

«Uma imagem vale mais que mil palavras». Não vou tão longe – direi, antes, que há imagens que valem mais que mil palavras. Sempre apreciei o «cartoon» (prefiro escrever assim, em vez de cartune), a caricatura… Conheci bons especialistas na matéria e guardo, religiosamente, uma caricatura do grande Francisco Zambujal. Também conheci José Pargana, homem de poucas palavras mas elegante no trato e no traço. Hoje em dia também temos bons «cartoonistas», herdeiros de uma bela tradição do jornalismo português. É o caso de Luís Afonso, em «A Bola» e no «Público».
Ao remexer o baú de velharias, descobri algumas caricaturas publicadas do início do século passado, da autoria de F. Valença e Silva e Sousa, numa época em que republicanos e democratas se preparavam para derrubar a monarquia decadente.
Alexandre Braga, considerado o mais extraordinário orador daquele tempo. Guerra Junqueiro, que deixou bem assinalado na sua obra o amor pela República. António José de Almeida, médico distinto que também teve papel relevante no derrube da monarquia. Ficou célebre a sua frase: «A monarquia é um parasita, uma lombriga vivendo no intestino da nação.» As dúvidas do último rei de Portugal, D. Manuel II, apresentado como Hamlet perante a sua coroa. Ser ou não ser rei, eis a questão que o atormentava e que foi resolvida, definitivamente, com a proclamação da República, em 5 de Outubro de 1910.