O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

2.6.11

Hoje transportei um brasileiro que dá pelo nome de Vital Corrêa de Araújo. Natural de Recife, escritor, não se cansou de elogiar Portugal: o sol, a comida e, muito em especial, a poesia. É verdade! Se eu não vivesse aqui, mergulhado em overdoses de «crise», até acreditava que este era o país das maravilhas... Mas o meu ilustre cliente, que veio (quase) «só» para comprar livros, revelou-me que lá, no Brasil, é muito difícil encontrar autores portugueses (se excluirmos Saramago, claro). Poesia, então, nem pensar... «Portugal tem os melhores poetas e os melhores ensaístas do Mundo. Mas é pena que os livros não cheguem ao Brasil. Se percorrer as livrarias de São Paulo, não encontra um único livro português de poesia.»
Registei e... ripostei: «Então e o grande Carlos Drumond de Andrade?» Resposta pronta: «Foi o último grande poeta brasileiro.»
Como quem não quer a coisa, tentei saber quais os títulos que o meu cliente transportava nos sacos da FNAC (Chiado). Entre vários autores, lá estava o grande Eugénio de Andrade.