O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

10.12.11

«Dou you speak english?»

«Dou you speak english?» «Yes», respondi de imediato, mesmo sabendo que sinto dificuldades em exprimir-me na língua de Sheakespeare. «Havemos de entender-nos», pensei, depois de saber que me esperava mais uma viagem turística ao Estoril, Cascais, Guincho, Cabo da Roca e Sintra.
Entendemo-nos mal – o casal sueco também não dominava a língua inglesa. Tomei uma decisão, no Estoril: «Vou ao Turismo e, assim, fico a saber melhor o que eles desejam visitar.» Afinal, não queriam visitar monumentos nem museus, apenas passear, almoçar (no Guincho) e... regressar ao hotel Altis.
[Senti alguma frustração... Ir ao Cabo da Roca e demorar escassos minutos no ponto mais ocidental da Europa, «onde a terra acaba e o mar começa»...; ir a Sintra e não visitar Monserrate, Seteais, a Pena... Não faz sentido!]
Almoçaram bem e beberam melhor, na Boca do Inferno. Rumámos em direcção ao Cabo da Roca. Kurt e Kristina demoraram escassos minutos. Uma foto e... dirigimo-nos ao bar mais próximo. «White wine»! Pedi duas taças de branco fresco e um café (taxista não bebe álcool em serviço...). «No! Bottle, please!» O empregado traz uma garrafa de vinho branco fresco. Kurt pediu-me se podiam beber no táxi. E seguimos viagem...
[Casal sueco de reformados. Olhos azuis, bem dispostos. Nada de museus e monumentos – apenas viajar e... beber white wine! Espreito pelo retrovisor. Riem muito, enquanto saboreiam o néctar português. «White wine! Yes!»]
Passeio por Sintra. Nada de visitas. Já esvaziaram a garrafa de branco e nota-se que estão em paz com a vida. Preparo-me para rumar a Lisboa. Kurt quase me suplica, com uma boa gargalhada: «White wine!» Kristina sorri, em jeito de consentimento. Dirijo-me a um restaurante, em São Pedro. Peço três taças de branco fresco. E brindámos!
– Obrigado!
– Tack!