O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

23.12.05

Há dias em que mais valia ficar em casa. Hoje foi um deles. Foi preciso «pedalar» muito para chegar ao fim do dia com uma «folha» decente. Ainda para mais, irritei-me com um automobilista e por pouco não lhe preguei um murro. Tive de conter-me, por causa do cliente...
Já se sabe que o trânsito está caótico. Pior ainda quando «certos» automobilistas revelam autêntica falta de civismo e de respeito pelos outros. Circulava na Estrada de Benfica e, às tantas, fiquei impedido de prosseguir por uma carrinha mal estacionada. Quando chegou o condutor da «dita», fiz-lhe ver, de forma educada, que o seu procedimento não tinha sido correcto.
Malcriado, o «dito» disparou: «Fogareiro da m...» Precisei de grande contenção, respirei fundo (levava cliente...) e apenas retorqui: «Fogareiro com muito orgulho, seu atrasado mental.»
É preciso «nervos de aço» para circular um dia inteiro na capital... O «dito» condutor teve muita sorte. Se desse com alguns «fogareiros» que conheço, «fritavam-no»...