O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

26.12.05

O «meu» Mercedes 190-2.5, muito provavelmente, vai para a sucata. Um acidente estúpido, provocado pelo condutor do turno da noite, em 23 de Dezembro, roubou-me a ferramenta de trabalho – um carro que já não era novo na idade, mas apenas com dois meses de «praça», estimado, com um motor a sério. Dava gosto conduzi-lo, mas teve vida efémera... Ainda não sei se vai ser ou não recuperado. Seja como for, nunca mais será o mesmo.
Há acidentes e acidentes. Neste caso, é imperdoável. O condutor da noite, embriagado, despistou-se a alta velocidade, embateu com a traseira numa árvore, rodopiou e... o carro ficou irreconhecível.
Quando cheguei ao local do acidente e vi o estado em que o carro ficou, apeteceu-me chorar. Quando vi o estado de embriaguez em que se encontrava o meu «colega» da noite, não quis acreditar.
Como foi possível tamanha irresponsabilidade! Para além do prejuízo material, que foi avultado, o meu «colega» da noite talvez já não pertencesse ao reino dos vivos, se tivesse batido de frente. Talvez...
Era novo na firma. Rendia comigo há menos de um mês. Nunca me apercebi de que ele bebia em serviço. Sabe-se, agora, que não foi a primeira vez que conduziu embriagado. Como é possível?!
Receio bem que o meu ex-«colega», um dia destes, apareça por aí a conduzir outro táxi. Não devia ser possível, mas acontece...