O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

20.12.05

O taxista

Saio logo cedo no meu carro
Ninguém sabe o meu destino
Num aceno eu paro, abro a porta
E entra alguém sempre bem-vindo
Elegante ou mal vestido
Velho, moço ou até menino
Fecha a porta, diz aonde vai
E tudo bem, eu já 'tô indo

(Sou taxista
'Tô na rua, 'tô na pista
Não 'tô no palco
Mas no asfalto eu sou um artista)

Ouço todo tipo de conversa
O tempo todo 'tô ligado
Só me meto, dou palpite, dou conselho
Quando sou chamado
No meu carro ouço histórias
Desabafos, risos todo o ano
Sou de tudo um pouco nessa vida
Eu sou um analista urbano

(Sou taxista
'Tô na rua, 'tô na pista
Não 'tô no palco
Mas no asfalto eu sou um artista)

O papo é sempre o mesmo
Pra puxar qualquer assunto a qualquer hora
Que trânsito, que chuva, que calor
Mas logo mais isso melhora
Tento agradar a todo mundo
E trabalhar sempre sorrindo
Mas sou um ser humano
E só eu sei às vezes o que estou sentindo

(Sou taxista
'Tô na rua, 'tô na pista
Não 'tô no palco
Mas no asfalto eu sou um artista)

O cansaço, a solidão
Aperta o coração na madrugada
Mas a missão cumprida me desperta
É hora de voltar pra casa
Dou graças a Deus que lindos filhos
E a mulher em paz sorrindo
Valeu a hora extra pra com eles
Ter a folga de domingo

(Sou taxista
'Tô na rua, 'tô na pista
Não 'tô no palco
Mas no asfalto eu sou um artista)

Roberto Carlos/Erasmo Carlos