O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

14.12.05

Praça do aeroporto – É administrador de uma grande empresa espanhola de energia, o maior accionista da EDP a seguir ao Estado português. Vive em Lisboa e é pessoa afável, educada, sem receio de dialogar com o «pobre» taxista que só «deve» perceber de futebol. Do aeroporto à Av. da Liberdade escutei autêntica lição de economia e não só...
Falou-se do sucesso da economia do país vizinho e do receio dos portugueses em relação ao investimento espanhol. Afinal, a Espanha é o maior investidor europeu em solo luso... Mas os portugueses (o Estado...) «desconfiam» de «nuestros hermanos»... Um exemplo: sendo a dita empresa espanhola o maior accionista privado da EDP, nem sequer tem um administrador... espanhol!
Os tempos são outros (como diria Bob Dylan, noutros tempos...). Porquê recear os «ventos de Espanha»? Aljubarrota pertence ao passado e se o sucesso da economia espanhola nos desse um «empurrãozinho», talvez deixássemos de ser um «país sucessivamente adiado»... Nada disto tem a ver com idependência e identidade cultural. Hoje em dia (é escusado negá-lo) a maior parte das economias é aberta.
A viagem foi estimulante para o taxista. De muito mais se falou, mas guardo para mim outros aspectos da conversa. Gostei de dialogar com este homem de muitas vivências pelo Mundo, sem complexos de expor as suas ideias, ainda que numa curta viagem pela cidade de Lisboa.