O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

17.12.05

Praça do Martim Moniz – Tal como o Rossio, o Martim Moniz é o lugar mais internacional de Portugal. Ali se cruzam portugueses, africanos, chineses, ucranianos..., enfim, muitos dos cidadãos imigrantes que escolheram este «cantinho» da Península Ibérica.
Hoje parei, por duas vezes, na praça do Martim Moniz. A primeira «corrida» foi boa (Gare Oriente), a segunda foi arriscada: uma chinesa, dona de uma loja, foi abastastecer-se ao Centro Comercial Martim Moniz. Seis sacos enormes, disse-lhe que não podia levar toda a bagagem, sob pena de ter problemas com a polícia. «Senhor, eu pago a multa.»
Porta-bagagem cheio e... mais três sacos enormes para carregar. «Não posso fazer o serviço!» Mas a chinesa insistiu («eu pago a multa») e ao mesmo tempo tratou de meter os sacos no banco traseiro. Quis livrar-me depressa daquele imbróglio. Olhei em redor, não vi polícia e arranquei, com o coração aos saltos. Chegámos ao destino e a chinesa disse-me: «Passe por cá, pela minha loja. Eu faço-lhe mais barato...»
Não sei o que transportei dentro daqueles sacos enormes. Presumo que bujigangas para uma loja qualquer dos «trezentos»... Sei apenas que nunca mais aceito um serviço daqueles. Quero trabalhar tranquilo! E quanto a passar lá pela loja... Nem pensar!