O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

16.1.06

Praça do Lux – Às cinco/seis da manhã de domingo, os taxistas não têm mãos a medir, no Lux e no Kremlin os clientes dão um contributo importante para a «folha». Primeiro vou ao Lux, a seguir mudo-me para o Kremlin (fecha mais tarde). O único senão é que muitos clientes vêm bem bebidos e é precisa uma certa dose de paciência.
Ele fala italiano. Pede-me para os levar ao hotel Tryp, no Parque das Nações. Ela é portuguesa, bonita e com ar exótico, oriental, «ataca-o» com mil beijos. Às tantas, descontrolam-se e embatem no banco do taxista. Pedem desculpa e a viagem prossegue. Apetece-me dizer-lhes para terem mais cuidado, mas, que diabo!, também já passei por momentos assim, de euforia... E deixei-os em paz!
Pensei que ficassem os dois no Tryp. Estou uns bons cinco minutos à espera, enquanto eles se beijam e conversam baixinho. Afinal, ele sai e ela prossegue nova corrida. Algo não correu bem...
Está agitada no banco de trás. Pede-me um cigarro. «Leve-me de novo ao Lux.» Mas muda de ideias a meio da viagem: «Vamos antes para Benfica.»
A «aventura italiana» não teve final feliz...