O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

16.5.06

Hoje, pela manhãzinha, chegou ao cais de Santa Apolónia um enorme paquete («Royal»). Uma parte dos turistas aproveitou a curta estada (um dia) para conhecer um pouco de Lisboa. Coube-me transportar um casal inglês ao Castelo de São Jorge. A seguir quiseram visitar o Museu de Arte Antiga, nas Janelas Verdes. Esqueci-me de que era segunda-feira e... os museus estão fechados. Vi-me aflito para tentar explicar-lhes esta situação absurda. Não entenderam!
Nem eu!

Ó Portugal, se fosses só três sílabas,
linda vista para o mar,
Minho verde, Algarve de cal,
jerico rapando o espinhaço da terra,
(...)
Ó Portugal, se fosses só três sílabas
de plástico, que era mais barato!
(...)
Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo,
golpe até ao osso, fome sem entretém,
perdigueiro marrado e sem narizes, sem perdizes,
rocim engraxado,
feira cabisbaixa,
meu remorso,
meu remorso de todos nós...


Alexandre O’Neill