O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

2.6.06

«O homem primitivo tinha um apurado instinto para a caça. Era dessa forma que se alimentava, pondo em prática a forma mais eficiente de matar a presa. Existia também o instinto para proteger o território e qualquer competidor era eliminado. Na história da humanidade, o século passado foi o mais sangrento de sempre, quando era suposto ser o mais civilizado. As conquistas científicas continuam a ser usadas para fins devastadores. Cada vez se descobrem formas mais sofisticadas para aniquilar os nossos competidores. Pense-se em como, recentemente, quão rápido o fervor nacionalista inflamou a Bósnia e a Herzegovina, quão rapidamente se desfizeram os laços que uniam uma velha comunidade, quando professores, carpinteiros, negociantes, pessoas normais se lançaram numa tarefa devastadora. O nosso instinto está virado para a violência e para a crueldade. Mas o instinto predador também nos leva à descoberta. O último século também foi palco de grandes avanços. (...)»

Robert Wilson, autor de «Último Acto em Lisboa» e «O Cego em Sevilha», entre outros títulos.