O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

17.7.06

Domingo de muito calor. Andar de táxi, sem ar-condicionado (a grande maioria...), é exercício que não recomendo. Pobres taxistas! A camisa colada ao banco, quais «vagabundos» em busca de clientes que não surgem. A cidade está deserta, canso-me de esperar nas praças e decido zarpar até à Feira do Relógio, onde os nossos «patrícios» africanos (e não só...) dão uma tonalidade roque-santeirista à capital portuguesa.
Vou lá uma vez, duas... À terceira calha-me uma portuguesa bem-falante, transporta um saco com as «sobras» das vendas. Diz que são programas informáticos e pede-me para levá-la à Buraca, mais propriamente «às bombas» (junto à Cova da Moura). «A seguir vou para Almada. Demoro um quarto-de-hora. Quer esperar?»
Deixou-me uma nota de 20 euros para caucionar a «corrida». Comprei água fresca, entretanto ela regressou do bairro e seguimos para Almada. Falámos de coisas banais e às tantas comecei a pensar que poderia estar metido numa armadilha. «E se os programas informáticos apenas servissem para disfarçar?»
Sinto ainda mais calor e acelero o Mercedes, desejoso de terminar o serviço.
Uff!