O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

6.7.06

Hotel Avenida Palace – Visita à zona Sintra com um casal italiano. Seteais, Pena, Monserrate, Cabo da Roca... Em Monserrate, compraram um bilhete de ingresso para o taxista. Descemos, descemos... pelo Vale dos Fetos. Uma miscelânea de plantas, cascatas... Temperatura e paisagem tão agradáveis e eu a lembrar-me do caos nas ruas de Lisboa em dia de greve no Metropolitano... Enquanto ele dedicou mais tempo às plantas (conhece-as todas...), ela, pintora, deteve-se a apreciar a arquitectura do palácio (*). O pior foi o regresso... Com sapatinhos fragéis, a italiana mal conseguia subir a encosta. Dei-lhe a mão e, juntos, lá conseguimos chegar ao táxi.
Um dia agradável para o taxista. A «corrida» não rendeu muito, porque não consigo usar subterfúgios para elevar a parada... Mas regressei a casa com os pulmões mais purificados e o prazer de ter convivido, durante cinco horas, com dois simpáticos italianos.

(*) «Sugestivo palacete romântico cujo projecto se deve ao arquitecto James Knowles Jr., 1858. Construído no terceiro quartel do século XIX, por iniciativa de Francis Cook, visconde de Monserrate, constitui um dos mais interessantes espécimes sintrenses do romantismo.
Obra de espírito romântico-orientalista, com a sua grande torre circular, cúpulas bulbosas e valores exóticos na decoração, o palácio aproxima-se do famoso pavilhão Brighton (1815-1823) de Nash e da arquitectura romântica inglesa. Como afirma José Augusto França, Monserrate tem «um sentido cenográfico algo diferente, apoiado numa maior riqueza de pormenores arqueológicos», constituindo pelas suas raízes inspiradoras - que, por via inglesa, entroncam na arquitectura mogol - um caso ímpar do romantismo em Portugal.»