O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

3.8.06

Agosto fraquinho para os taxistas. Sinais da crise? Horas e horas nas praças, à espera do cliente que tarda em chegar. Tempo para pôr a leitura em dia. Cansado de jornais e revistas do género «conheça os melhores locais para passar férias», decidi virar-me para outro tipo de leituras. Li há tempos, na revista «Pública», uma bela reportagem sobre a correspondência entre Sophia de Mello Breyner e Jorge de Sena. Decidi comprar o livro e não estou arrependido. «A literatura, as cidades e a política povoam estas missivas transoceânicas, sobreviventes da censura da polícia política, trocadas durante as décadas de 60 e 70 entre duas eminências da cultura portuguesa que nelas, como é próprio do género epistolar e de uma relação de amizade e mútua admiração, se revelam intimamente.»

«Que algumas amizades prevaleçam para além de tudo é uma espécie de luz, talvez a pequenina luz bruxuleante. Exemplo de um desses momentos em que a sobrevivência da amizade é precavida e protegida, acontece nas cartas de Julho e de Novembro de 1964, por altura da atribuição do Prémio da Sociedade de Escritores, em que o júri se dividiu entre O Livro Sexto (Sophia) e Metamorfoses (Sena), deixando os dois poetas e amigos face a face num confronto que, embora provável, não haviam procurado nem, talvez, previsto.»

Correspondência de Sophia de Mello Breyner e Jorge de Sena (1959-1978) – Guerra & Paz, Editores