O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

11.8.06

A entrevista de Eduardo Prado Coelho (EPC), na penúltima «Visão», não deixou de me surpreender. Estava convencido de que um autor do seu gabarito (onde é que eu fui descobrir esta palavra?!) não tinha a coragem de falar assim da sua vida pessoal, de forma tão aberta e sincera. Li alguns dos seus ensaios, os quais me ajudaram a descobrir vários autores, em especial de poesia; sou leitor das suas crónicas no «Público» – e construí uma ideia, pelos vistos errada, de que EPC era uma pessoa inacessível.
O meu primeiro contacto com EPC deu-se a seguir ao 25 de Abril, numa conferência (lembro-me) na Associação Portuguesa de Escritores, na Rua do Loreto. Fiquei fascinado com a sua capacidade de análise, com a facilidade como derivava de tema, para logo a seguir voltar ao raciocínio inicial. Tudo aquilo fazia sentido; tudo aquilo estava ligado.
Muito recentemente, li as cartas de EPC ao cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo (e vice-versa). A questão religiosa tratada com nível e elevação. Identifico-me com as posições defendidas por EPC. A certa altura, fiquei com a ideia de que ganhou por «KO» (perdoem-me a expressão) ao sr. cardeal, pessoa também muito inteligente e com elevada capacidade de argumentação.
Voltando à entrevista da «Visão». Insere-se na chamada área do «social», mas serviu-me para desconstruir a imagem deturpada (de homem inacessível) que tinha de um autor que muito admiro.