
«Quando se ama o abismo é preciso ter asas», assim explicou Júlio/Saul Dias, através de Nietzsche, as várias e complementares vertentes da sua obra. «Sonho com um futuro em que a felicidade seja possível. Mas já me disseram que pinto um amor que não existe», acrescentou.
Escrevi um livro.
Quantos anos a sonhá-lo,
A rascunhá-lo nas mesas dos cafés,
A escrevê-lo nos intervalos do emprego,
A vivê-lo,
A sofrê-lo,
Na província, nas cidades...!
Criei um filho.
Tanta alegria no meu coração!
Só ainda não plantei uma árvore.
O frágil caule como protegê-lo?
Como não deixar que os bichos
Maculem as pequeninas folhas?
E como dialogar com uma árvore-menina?
Agora vai sendo tempo.
Os anos já me pesam.
Amanhã vou plantar uma árvore.
Saul Dias («Essência»)
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