Aldeia das viúvas

Vultos negros vagueiam pelas ruas. Quando nos cruzamos, a conversa desagua quase sempre nos males de que padecem – os da alma e os outros. Recentemente, formaram uma pequena comunidade e rezam o «terço» ao fim da tarde. Depois, recolhem e não saem mais, porque o perigo de assaltos já não é exclusivo das grandes metrópoles.
[Gosto de visitar a aldeia, mas sou incapaz de viver lá muito tempo. Ao fim de uma semana, o lado urbano chama por mim. Mas faz-me bem respirar ar puro e dialogar com gente de outras vivências.]
As viúvas são pessoas tristes. Toda a vida amaram «aquele» homem e vivem das lembranças do passado. A religião católica é a sua âncora, mandam rezar muitas missas em memória dos falecidos.
Quando estou na aldeia, fico com a mente disponível para a reflexão. Não acredito em deuses, mas dão muito jeito... Que seria destas mulheres sem o seu deus protector?!
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