O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

26.11.06

Kasparov «vs» computador

Há determinadas categorias desportivas que teimam em «esconder-se» quando abordamos a temática do desporto na sua generalidade. O xadrez é, seguramente, uma delas, apesar de ser considerado (pelos entendidos na matéria) o jogo mais «fascinante» de todos os tempos.
«Mas porque será que aquelas pessoas ficam ali a olhar para aquelas figurinhas em cima de um tabuleiro? Não devem ser todos maluquinhos! Aquilo é capaz de ser giro...»
É vulgar ouvir este comentário. As «figurinhas» dão pelo nome de «peões», «cavalos», «bispos», «torres», «rainhas» e «reis», protagonistas principais de cativantes «batalhas» travadas num campo, em forma de tabuleiro, composto por 64 pequenos quadradinhos.
O fascínio pelo xadrez tem atravessado séculos, alimentado por estratégias, tácticas e técnicas de jogo em busca de um objectivo final: o «xeque-mate». Personalidades como Napoleão Bonaparte integraram o rol de adeptos incondicionais das virtudes do xadrez, um jogo essencialmente composto pela excelência do raciocínio e da capacidade de superar o oponente.
Mas nem por isso, e ao contrário do que seria suposto, os computadores conseguem vincar a sua aparente supremacia no domínio do raciocínio sobre o ser humano. E a partir do momento em que um miúdo de 15 anos se deu ao luxo de derrotar um campeão de nome Kasparov, é caso para acreditar que, de facto, estamos perante um jogo que... talvez seja algo mais que um simples «jogo».
Kasparov empatou com um computador potente, mas perdeu com Radjabov, um miúdo de 15 anos. Qual a explicação? «Hoje em dia existe uma ampla e acessível base de informação, aliada ao facto de estes jovens valores se treinarem seis a oito horas diárias e de terem técnicos particulares, o que faz com que a aprendizagem seja cada vez mais rápida. O que Kasparov aprendeu ao longo de anos, Radjabov assimilou em meses. As bases tácticas, estratégicas e técnicas do xadrez apreendem-se mais rapidamente e, a partir daqui, os jogadores distinguem-se pela criatividade e pelas novidades que apresentam», defende Ricardo Pais, xadrezista federado e apaixonado por este desporto «fascinante».
E quanto aos «matchs» Humano «vs» Máquina? «Estão muito mal contados. Não se percebe bem se Kasparov recebe para não 'humilhar' a máquina ou se para fazer com que esta evolua. Para ganhar é que não recebe, de certeza, pois já são vezes a mais em que tem posições empatadas teoricamente e insiste em abandonar. Está, nitidamente, a fazer render o peixe...», sustenta Ricardo Pais.