O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

3.1.07

Hoje quase só «fiz» aeroporto. Um vaivém dos hotéis para a Portela e vice-versa. Era chegar e «carregar», na gíria taxista. Milhares de estrangeiros visitaram Lisboa; milhares de portugueses viajaram para o estrangeiro na passagem de ano. É tempo de regressar a casa. Gente de várias condições sociais passou pelo «meu» táxi. E até um futebolista brasileiro do Sporting. Chegou pela manhãzinha, cansado da viagem, e transportei-o a Alcochete. Tinha pressa, pois não queria falhar o início do treino. Paulo Bento não brinca em serviço...
Nos intervalos das «corridas», tempo para uns minutos de descompressão na praça do aeroporto (partidas). O Carlos, um taxista amigo e brincalhão, «mete-se» com a tripulação dos aviões que se dirige para o parque automóvel. Um piloto muito bem trajado de fato azul, cheio de galões (só podia ser o comandante!), chega junto de nós e o Carlos dispara: «Deixem passar o nosso colega!»
«Colega?», questionei-o.
«Sim, colega! Ele é taxista no ar e nós somos taxistas em terra...»