O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

17.1.07

Já não me lembro da última multa. Dez/quinze anos? Hoje fui multado por atender uma chamada no telemóvel. Cento e vinte euros! A pronto pagamento!
Estou parado no último sinal vermelho da Avenida da República, antes da Praça Duque de Saldanha. Dirijo-me para a praça de táxis. Aguardo uma chamada e, instintivamente, atendo o telemóvel. Demoro escassos segundos...
Um carro da polícia transita na outra faixa de rodagem que dá acesso à Avenida Fontes Pereira de Melo. Um agente (graduado) manda-me estacionar na rotunda do Saldanha, em frente à praça de táxis.
«Mostre-me os seus documentos e os do táxi!» Tento dialogar com o polícia: «Sei que transgredi, mas não cometi qualquer crime. Estava parado no sinal vermelho e limitei-me a atender uma chamada de casa, em escassos segundos.»
Argumentos inglórios! Notei logo que estava perante um daqueles polícias da velha guarda, inflexíveis. E mudei de discurso...
«Quer pagar já e fica com a carta de condução ou paga depois, apreendo-lhe a carta e passo-lhe uma guia», questionou-me o agente, com ar ditatorial.
«Quanto custa a multa», quis eu saber. «Cento e vinte euros!», respondeu-me, babado.
Paguei a multa!
Sei que cometi uma transgressão, mesmo estando parado num sinal vermelho. Mas não foi grave e faltou ao agente uma regra de oiro – o bom senso! Há, neste momento, autêntica caça à multa em Lisboa. Estou com imensa curiosidade de ver os resultados práticos dos vários radares espalhados pela capital... Andam a brincar com a maioria dos automobilistas!

PS – Gostaria que os nossos polícias, tão «corajososos» quando se trata de multar, tivessem a mesma «coragem» para vigiar os bairros periférios de Lisboa...