O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

8.2.07

Sou sensível ao bailado, mas poucas vezes assisti ao vivo a esta magnífica expressão artística. Sempre me fizeram impressão as piruetas em bicos de pés. Sinto arrepios, apesar de imaginar que os sapatinhos deverão estar apetrechados para não causar estragos nos pezinhos delicados das bailarinas.
Há dias transportei uma professora de dança clássica ao Conservatório Nacional, no Bairro Alto. Conversadora, contou-me que também foi bailarina e não escondeu que uma vida inteira dedicada ao bailado lhe causou sequelas nos pés e na coluna – daí a dificuldade em entrar e sair do táxi.
Ainda assim, confessou-me que se pudesse voltar atrás seguiria as mesmas pisadas. Para atingir a perfeição é preciso ter asas, mas também algum sacrifício.