
A seguir ao 25 de Abril cruzei-me várias vezes com Maria Teresa Horta, pela «mão» de Carlos Pinhão, em reuniões de militância política. Femininista, lembro-me da coragem e do fervor com que defendia as suas causas.
Hoje calhou-me transportar a poetisa e jornalista, da RTP até à sua residência. Recordámos outros tempos, quando todos os sonhos eram legítimos, e também um grande Homem – Carlos Pinhão.
Desperta-me de noite
o teu desejo
na vaga dos teus dedos
com que vergas
o sono em que me deito
É rede a tua língua
em sua teia
é vício as palavras
com que falas
A trégua
a entrega
o disfarce
E lembras os meus ombrosdocemente
na dobra do lençol que desfazes
Desperta-me de noite
com o teu corpo
tiras-me do sono
onde resvalo
E eu pouco a pouco
vou repelindo a noite
e tu dentro de mim
vai descobrindo vales
Maria Teresa Horta
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