O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

18.7.07

Bairro Portugal Novo, nas Olaias. Goza de má fama, mas isso não me impediu de levar lá um cliente. Fui baptizado com a primeira «banhada». O cigano chegou ao destino e não tinha dinheiro para pagar a corrida! Foi a casa e a mãe (?) não estava, mas voltou ao meu encontro, com mil promessas de que pagaria mais tarde.
Perante a situação, que fazer? Convenci-o a reentrar no táxi, ainda pensei em dirigir-me à polícia (a cerca de 200 metros), mas desisti da ideia e... fui tomar um café. Discretamente, perguntei à funcionária se o conhecia, disse-me que sim, que morava no bairro. O cliente prometeu deixar-me o valor da «corrida» no café, logo que a mãe chegasse a casa. No dia seguinte, mesmo sem esperança de recuperar o dinheiro, passei por lá, mas nada!Conversei com um cigano velho, contei-lhe a situação e sensibilizei-o para o facto de estes casos deixarem má imagem de uma comunidade pela qual até tenho simpatia.
São frequentes estas situações naquele bairro de Lisboa, habitado pela comunidade cigana, algumas delas muito mais graves, com roubo e agressão aos taxistas. Sou contra qualquer tipo de discriminação, mas assim não dá...