O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

10.7.07

Transporto dois jornalistas do «24 Horas» ao Lavradio (Barreiro), em serviço de reportagem. Uma fuga de dióxido de enxofre na fábrica da Amoníaco de Portugal, propriedade do grupo Melo, deixou milhares de pessoas expostas a graves riscos de saúde. Enquanto os repórteres fazem o seu serviço, dialogo com várias pessoas. O cheiro é insuportável, quase tenho vómitos. Os carros têm marcas de enxofre. Como é possível viver ali, paredes-meias com a fábrica poluente?
Um habitante do Lavradio dá-me a sua explicação dos factos: «A Amoníaco de Portugal devia mudar os filtros da fábrica com regularidade, mas isso não acontece, porque vêm da Alemanha e são muito caros. Prefere sujeitar-se ao pagamento de multas, o que lhe sai muito mais barato.»
Não sei se esta versão está correcta (não tenho meios para a confirmar), mas não me custa acreditar que o meu interlocutor é capaz de ter razão...