O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

30.8.07

Maria Inês é minha cliente assídua. Há tempos transporteia-a, gostou do perfil do taxista, pediu-me o número de telemóvel e, desde então, quase todos os dias damos um passeio pela capital.
Idosa, faz-se acompanhar por uma empregada brasileira, Graziela. Normalmente indica-me o percurso, sempre diferente, mas também acontece ser eu a escolher a viagem. A «corrida» dura cerca de uma hora. Fala imenso e baixinho e, por vezes, sinto dificuldade em compreendê-la. Um destes dias telefonou-me, à noite, a esclarecer uma dúvida que não conseguimos desvendar durante a viagem. Nada sei da vida de Maria Inês. Nem isso é importante – importante é matar a solidão daquela mulher idosa que me escolheu para viajar de táxi pela cidade.