O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

15.8.07

«Mergulho» na Lisboa nocturna, em véspera de feriado. Trabalhar à noite é muito diferente, como diferentes são as pessoas que transportamos. Gosto, apesar das armadilhas da floresta. Decido experimentar novos locais. Vou pela primeira vez ao Casino Lisboa. Dezenas de táxis numa fila que se estende «até ao Feijó», no dizer do Carlos, um veterano nestas lides fogareiras. Estou quase a zarpar, mas decido ficar. Afinal, se os outros lá estão... O Casino fecha às quatro da manhã e num ápice desaparecem os táxis. Cabe-me transportar um «chinês» para a zona do Marquês de Pombal. São viciados no jogo, estes «chineses», filhos adoptivos de um tal Stanley Ho.
Mudo a agulha para a Avenida 24 de Julho. Faço uma pausa para aconchegar o estômago com caldo verde, pão com chouriço e arroz-doce. As discotecas estão a fechar... Transporto dois jovens à zona da Costa de Caparica. Bem bebidos, mas conscientes. Entro numa quinta tipo solar, onde estão estacionados vários carros. Mas eles preferem utilizar o táxi para vir à «night» de Lisboa. Assim, sim...
O dia nasce cinzento, com salpicos de chuva de Verão. Ainda assim, é feriado e muitos lisboetas já atravessam a ponte 25 de Abril em direcção às praias da outra margem. Não tenho sono e rumo ao Hotel Pestana Palace. Uma hora de espera e o porteiro chama-me. Finalmente! Três suecas para transportar à estação de comboios de Sete Rios, com destino a Sintra. Convenço-as a ir de táxi. Afinal, pouco mais teriam de pagar...
Regresso de Sintra e dirijo-me à pastelaria Luanda, na Avenida de Roma, onde tomo o pequeno-almoço, antes do descanso. Pausa para ler os matutinos. Folheio A BOLA e sinto um murro no estômago... «Mandato de captura»? Essa não! Mandado, sff!!!