O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

23.9.07

Através do José do Carmo Francisco, ilustre colaborador deste «cantinho», dou notícia do lançamento do livro «Donos da Terra», do jornalista brasileiro Odair Cunha, que conta a história do longínquo e famoso «duelo» Benfica-Santos, a 11 de Outubro de 1962, para o Mundial Interclubes. De um lado estava Pelé; do outro, Eusébio... Com a devida vénia, aqui reproduzo parte do texto de apresentação do livro, a propósito do seu lançamento, em Outubro próximo:

De todas as datas que um time brasileiro pode comemorar, nenhuma supera a de 11 de Outubro. Nesse dia, há 45 anos, pela primeira vez um time brasileiro se consagrou campeão mundial – e batendo o bicampeão europeu lá no Velho Continente. Vivia-se o auge do futebol-arte, um breve e precioso período em que ele se miscigenou com o fair play. Sim, jogava-se bonito e limpo, e por isso aquela partida entre Benfica e Santos, no Estádio da Luz, tornou-se exemplar, e precisa ser relembrada e comemorada eternamente.
Um time tinha Pelé; o outro, Eusébio; um era a base da Selecção Brasileira bicampeã no Chile, quatro meses atrás; outro era a própria Selecção de Portugal, que quatro anos depois brilharia na Copa da Inglaterra; um havia humilhado o Real Madrid de Di Stefano e Ferenc Puskas, em Berna; o outro fizera o mesmo com o Penharol, em Buenos Aires. O Mundo parou para ver aquele duelo entre dois times que falavam, mais do que o mesmo idioma português, a mesma língua do belo, do ético, da busca incessante do gol.
Vivia-se a era do rádio e por isso o presidente da República, João Goulart, autorizou a Agência Nacional a liberar o horário da obrigatória Voz do Brasil para que as rádios brasileiras pudessem transmitir aquele verdadeiro choque de mundos. Era uma quinta-feira, eu me lembro bem... Você sabe o que de importante aconteceu no Mundo naquele dia, mês e ano?
Porque Lima entrou no lugar de Mengálvio, titular absoluto, e porque o veterano Olavo jogou como lateral-direito, se Ismael já tinha estreado muito bem no Santos? Porque o técnico do Benfica – que não era Bella Guttmann e nem Otto Glória, como alguns sites brasileiros insistem em informar – escalou o jovem Jacinto na lateral-direita, ao invés do experiente Mário João?
Porque os portugueses já vendiam ingressos para a terceira partida, se a segunda ainda nem havia sido realizada? Como Benfica e Santos se prepararam para este jogo, e como actuaram? Quais foram os lances mais importantes? Quais jogadores se destacaram?
Como a opinião pública reagiu ao resultado? O que Eusébio, Simões, José Augusto, Humberto, Cruz – todos titulares do Benfica naquela noite – dizem hoje daquela partida? Porque os especialistas europeus – até o árbitro do jogo – concordaram que o Santos era a melhor equipe que já tinham visto jogar?
Essas informações, essas respostas, estão no livro «Donos da Terra».

Odir Cunha é autor de «Time dos Sonhos», «Pedrinho escolheu um time», «Heróis da América» e a biografia de Oscar Schmidt. Adaptou ainda, para português, a biografia de Ronaldinho Gaúcho.