
De todas as datas que um time brasileiro pode comemorar, nenhuma supera a de 11 de Outubro. Nesse dia, há 45 anos, pela primeira vez um time brasileiro se consagrou campeão mundial – e batendo o bicampeão europeu lá no Velho Continente. Vivia-se o auge do futebol-arte, um breve e precioso período em que ele se miscigenou com o fair play. Sim, jogava-se bonito e limpo, e por isso aquela partida entre Benfica e Santos, no Estádio da Luz, tornou-se exemplar, e precisa ser relembrada e comemorada eternamente.
Um time tinha Pelé; o outro, Eusébio; um era a base da Selecção Brasileira bicampeã no Chile, quatro meses atrás; outro era a própria Selecção de Portugal, que quatro anos depois brilharia na Copa da Inglaterra; um havia humilhado o Real Madrid de Di Stefano e Ferenc Puskas, em Berna; o outro fizera o mesmo com o Penharol, em Buenos Aires. O Mundo parou para ver aquele duelo entre dois times que falavam, mais do que o mesmo idioma português, a mesma língua do belo, do ético, da busca incessante do gol.
Vivia-se a era do rádio e por isso o presidente da República, João Goulart, autorizou a Agência Nacional a liberar o horário da obrigatória Voz do Brasil para que as rádios brasileiras pudessem transmitir aquele verdadeiro choque de mundos. Era uma quinta-feira, eu me lembro bem... Você sabe o que de importante aconteceu no Mundo naquele dia, mês e ano?
Porque Lima entrou no lugar de Mengálvio, titular absoluto, e porque o veterano Olavo jogou como lateral-direito, se Ismael já tinha estreado muito bem no Santos? Porque o técnico do Benfica – que não era Bella Guttmann e nem Otto Glória, como alguns sites brasileiros insistem em informar – escalou o jovem Jacinto na lateral-direita, ao invés do experiente Mário João?
Porque os portugueses já vendiam ingressos para a terceira partida, se a segunda ainda nem havia sido realizada? Como Benfica e Santos se prepararam para este jogo, e como actuaram? Quais foram os lances mais importantes? Quais jogadores se destacaram?
Como a opinião pública reagiu ao resultado? O que Eusébio, Simões, José Augusto, Humberto, Cruz – todos titulares do Benfica naquela noite – dizem hoje daquela partida? Porque os especialistas europeus – até o árbitro do jogo – concordaram que o Santos era a melhor equipe que já tinham visto jogar?
Essas informações, essas respostas, estão no livro «Donos da Terra».
Odir Cunha é autor de «Time dos Sonhos», «Pedrinho escolheu um time», «Heróis da América» e a biografia de Oscar Schmidt. Adaptou ainda, para português, a biografia de Ronaldinho Gaúcho.
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