O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

28.9.07

«Pedi sempre para não me mentirem e, por isso, quando muito francamente me dizem que tenho um cancro, o que vejo à minha frente é a morte. Não é ver a morte à minha frente, é vê-la dentro de mim.»

Acabo de ler uma entrevista de António Lobo Antunes, à «Visão». Já tinha lido, na mesma revista, a crónica em que anunciou ser portador de cancro. Quando admiramos alguém, partilhamos as suas alegrias e tristezas. Gosto muito dos seus livros. Tocam-me a alma, como os filmes de Ingmar Bergman. «É horrível estar grávido da morte», confessa Lobo Antunes, ao mesmo tempo que nos transmite enorme força interior. Nunca vi alguém lidar assim, de forma tão frontal, com a ideia da morte.