Essa palavra «gravata»

Quanto ao boné, não me esqueço de que em 1966 entrei no Cinema Monumental pela «porta do cavalo», com um boné emprestado pelo João porteiro (que era também chófer), e lá vi o filme «Doutor Zhivago» de graça. Ainda hoje me lembro do tema de Lara e dos pés dos cavalos da polícia do czar contra as caixas, os tambores e as tarolas da banda que acompanhava a manifestação pacífica.
Mas vamos à palavra gravata. No reinado de Luís XIV, o seu Real Regimento Croata ressuscitou o antigo «cachecol» romano que se chamava «focale». Usavam o «focale», em Roma, os doentes e os recitadores e, de um modo geral, os cidadãos de saúde frágil. O Rei Sol gostou da prenda que veio da Croácia e a palavra «croate» corrompeu-se mais tarde em «cravate». Entre nós ficou gravata e em Espanha corbata.
Pela minha parte, uso-a apenas em último caso: nos casamentos só durante a cerimónia, para não parecer mal. Findo o cerimonial do enlace, guardo-a de imediato no bolso e aí permanece até ao próximo.
José do Carmo Francisco
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