O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

26.11.07

É húngara a mulher que hoje transportei ao Palácio da Pena, em Sintra. Uma boa «corrida» que me ajudou a safar a «folha», em tempo de vacas magras... Fiquei sem conhecer a sua profissão, porque tive pudor em perguntar-lhe. Fala espanhol com fluência e entende um pouco de português. Eva de seu nome.
Esta é a quarta vez que visita Portugal. Já conhece Lisboa, Óbidos, Arrábida, Cascais..., mas nunca tinha ido a Sintra. Calhou agora!
Subo a serra em direcção ao Palácio da Pena. Curvas e mais curvas, sob vegetação frondosa. Palacetes antigos recuperados. «São privados?», quis saber Eva. «Alguns são», respondi-lhe.
Às tantas, a meio da serra, olho-a de frente e deixo escapar: «Os mistérios da serra de Sintra...» Disse isto como quem diz «chove» ou «está bom tempo», mas ela nem me deixou terminar: «Eça de Queirós!»
Fiquei pasmado! «Conhece Eça de Queirós?», perguntei-lhe. «Conheço! Gosto muito de ‘O Crime do Padre Amaro’», respondeu-me, com um sorriso jovem e bonito.
– Obrigado!
– Köszönöm!