
Hoje, a meio da tarde, tocou-me um espanhol de Salamanca, falador e bem-humorado. Na viagem até ao aeroporto não se cansou de dialogar comigo, elogiou a luz de Lisboa, «única», e não entende a «falta de auto-estima» dos portugueses, «capazes de grandes feitos, quando acreditam».
Digo-lhe que talvez a «culpa» não seja só dos portugueses, mais até de uma certa classe político-económica que detém o poder. Concorda comigo, em parte, e lembra-me que a Espanha teve apenas quatro primeiros-ministros desde que terminou o franquismo, ao invés de Portugal, que já conheceu largas e bruscas mudanças de governação desde o 25 de Abril. Agora é a minha vez de concordar, mas só em parte, também, porque a ideia pressupõe uma certa «estabilidade» e não gosto desta palavra, pelo menos no contexto em que tem sido utilizada em Portugal.
A conversa flui e, às tantas, o meu cliente espanhol dispara: «A Administração pública portuguesa parece que está contra os cidadãos. Não procura resolver-lhes os problemas, antes arranja forma de os complicar.» Fiquei a meditar nas palavras do espanhol... E nas medidas postas em prática por um certo ex-ministro da Saúde...
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