O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

19.5.09

O Adriano é um jovem jornalista, agora a militar no «ionline». Um destes dias coube-me transportá-lo à sede do novo diário, no Tagus Park. Deu para rever um bom amigo e pôr a conversa em dia, até porque o trânsito estava caótico (fim de tarde) e a viagem demorou mais que o previsto, também pelas razões que o Adriano explica no seu blogue do «ionline» e que transcrevo a seguir, com a devida vénia.

[A propósito do «ionline», é de louvar a coragem de lançar um novo jornal nestes tempos de crise. A impressão do primeiro número não foi boa, as coisas não saíram bem no aspecto gráfico, mas tem vindo a melhorar e creio ser já uma lufada de ar fresco no panorama da imprensa lusa.]

Dezanove horas e dois minutos. Final do dia. O trânsito habitual para sair de Lisboa, a baixa cheia de carros, Avenida da Liberdade em obras. Filas, apitos, caos. De repente, um camião TIR a rodar a cinco quilómetros/hora. Feliz por atrapalhar ainda mais, com uma banda a tocar lá no alto. O marketing de guerrilha também consegue ser genuinamente parvo.
Percebi, pela decoração do camião, que a «iniciativa» tinha o carimbo da banda Ez Special. Tocavam uma daquelas «malhas» típicas de banda sonora de novela da TVI. Faltou perceber o motivo desta acção em tão despropositado horário: novo álbum? início de tournée? garantir visibilidade na informação de trânsito da SIC Notícias e da RTPN? Desconheço…
Sei apenas, nos cinco minutos que demorei a ultrapassar o dito camião, que esta assinalável acção de marketing gerou um impacto tremendo no interior de um táxi que transportava três groupies frenéticas. Três. À sua volta seriam pelo menos três centenas os condutores que lamentavam a genialidade do responsável autárquico que aprovou isto.
Feitas as contas, arriscaria dizer que a iniciativa foi contraproducente. Mas isto sou eu, que não percebo nada destas coisas de ROI e de eficácia publicitária. Percebo apenas de transtornos automobilísticos.

ADRIANO NOBRE