O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

10.5.09

O nome errado dos meses

O nosso mundo não é dado a muito tempo para reflexões, mas quem queira arriscar ainda se pode dar a esse pequeno luxo. Num tempo tão veloz, é mesmo um luxo pensar nas coisas e na razão de ser das coisas. Por exemplo: tentar perceber como é que o mês nove tem um nome começado por sete, o mês dez tem um nome começado por oito, o mês onze tem um nome começado por nove e o mês doze tem um nome começado por dez. Diz-se que Rómulo criou um calendário com 304 dias e dez meses. Com o andar da carruagem, os meses começaram a andar deslocados do tempo solar e outro rei, Numa, acrescentou os meses de Janeiro e Fevereiro.
Foi assim que os nomes dos quatro últimos meses do ano começou a ficar em desacerto com a sua posição no calendário. Setembro é o nono mês, mas escreve-se com sete; Outubro é o décimo mês e escreve-se com oito; Novembro é o décimo-primeiro, mas escreve-se com nove; e Dezembro é o décimo-segundo, mas escreve-se com dez.
Mais tarde, Júlio César ordenou que o ano começasse em Janeiro e não em Dezembro, mas não mudou os nomes e o Papa Gregório XIII, ao instituir o calendário gregoriano, apenas rectificou um aspecto: os trabalhos astronómicos baseavam-se num ano de 365 dias e seis horas; na realidade, o movimento da Terra em volta do Sol dura 365 dias, cinco horas, 48 minutos e 47 segundos.
Desta situação resultou um atraso de 11 dia entre o tempo solar e o tempo do calendário desde a época de Júlio César até ao Papa Gregório XIII, em 1582. Tem sido possível acertar tanta coisa, o próprio ano bissexto é uma maneira de haver um acerto entre tempo solar e tempo do papel pendurado na parede. Mas o nome dos últimos quatro meses continua errado.

JOSÉ DO CARMO FRANCISCO