O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

9.5.09

Sou taxista diurno, mas de vez em quando faço umas incursões na noite, aos fins-de-semana. Como aconteceu neste sábado. Estou consciente de que a noite tem códigos muito diferentes e não arrisco em demasia. Surgem situações inesperadas e é preciso estar atento às armadilhas da floresta...
Viajo no bairro do Restelo, por volta das cinco horas da madrugada. O tempo está chuvoso e na zona, de moradias, não se vê vivalma. Às tantas, depara-se-me o vulto de uma mulher ainda jovem. Faz-me sinal e o meu primeiro pensamento foi de que precisaria de ir ao hospital.
– Levas-me à Portela? [de Carnaxide]
Fixo-a bem e reajo de imediato:
– Sabe bem que não vou à Portela, a esta hora...
– Então, posso ficar junto ao Alegro (centro comercial).
A meio da viagem, a jovem diz-me que não tem dinheiro para a «corrida» e argumenta com outras formas de «pagamento». Faço de conta que não entendo, deixo-a no Alegro e... sigo a minha vidinha.