António Lobo Antunes, benfiquista confesso, deu em tempos uma entrevista à revista «Visão», da qual não resisto a transcrever este pedacinho:
Ainda sonha com a guerra [colonial]?
Apesar de tudo, penso que guardávamos uma parte sã que nos permitia continuar a funcionar. Os que não conseguiam são aqueles que, agora, aparecem nas consultas. Ao mesmo tempo havia coisas extraordinárias. Quando o Benfica jogava, púnhamos os altifalantes virados para a mata e, assim, não havia ataques.
Parava a guerra?
Parava a guerra. Até o MPLA era do Benfica... Era uma sensação ainda mais estranha, porque não faz sentido estarmos zangados com pessoas que são do mesmo clube que nós. O Benfica foi, de facto, o melhor protector da guerra. E nada disto acontecia com os jogos do Porto e do Sporting, coisa que aborrecia o capitão e alguns alferes mais bem nascidos. Eu até percebo que se dispare contra um sócio do Porto, mas agora contra um do Benfica?
Não vou pôr isso na entrevista...
Pode pôr... Pode pôr... Faz algum sentido dar um tiro num sócio do Benfica?
Ainda sonha com a guerra [colonial]?
Apesar de tudo, penso que guardávamos uma parte sã que nos permitia continuar a funcionar. Os que não conseguiam são aqueles que, agora, aparecem nas consultas. Ao mesmo tempo havia coisas extraordinárias. Quando o Benfica jogava, púnhamos os altifalantes virados para a mata e, assim, não havia ataques.
Parava a guerra?
Parava a guerra. Até o MPLA era do Benfica... Era uma sensação ainda mais estranha, porque não faz sentido estarmos zangados com pessoas que são do mesmo clube que nós. O Benfica foi, de facto, o melhor protector da guerra. E nada disto acontecia com os jogos do Porto e do Sporting, coisa que aborrecia o capitão e alguns alferes mais bem nascidos. Eu até percebo que se dispare contra um sócio do Porto, mas agora contra um do Benfica?
Não vou pôr isso na entrevista...
Pode pôr... Pode pôr... Faz algum sentido dar um tiro num sócio do Benfica?
É grande a mobilidade do taxista. Está em Belém, mas volvidos escassos minutos já pode ser visto no lado oposto da cidade. Devido a essa mobilidade, acontece com frequência cruzar-me com pessoas que não via há muito tempo. Um dia destes, na Avenida de Roma, parei para o cafezinho da manhã e deparou-se-me o prof. Mário Moniz Pereira. Tempo para pôr a conversa em dia. O «prof.» mantém jovens a lucidez e a frescura física, apesar dos seus oitentas e tais... Anda atarefado com as eleições no «seu» Sporting, mas ainda lhe sobra tempo para escrever estórias que hão-de contribuir para a História do desporto português.


Recomendo um pequeno livro (150 páginas) – «O Segredo de Joe Gould», do norte-americano Joseph Mitchell – para «fintar» uma noite branca. Fiquei «agarrado» a este autor que não conhecia. Uma história muito bem urdida, na qual a ficção e a realidade se misturam na perfeição. 
Não é pessoa de conversa fácil, à primeira vista. O novo director do Centro Cultural de Belém (CCB) não dispensa o táxi para as suas viagens na cidade. Anda muito atarefado, pelos vistos... Domingo, só às duas da tarde saiu para almoçar. A colecção de arte moderna de Berardo e as novas ideias para ocupar aquele espaço nobre da capital devem ocupar-lhe muito tempo... Sou leitor das suas crónicas na «Visão» e tinha lido uma entrevista recente com o novo responsável pelo CCB, por isso não senti dificuldades em dialogar. Não tenho dúvidas: com António Mega Ferreira, o CCB vai ganhar nova dinâmica.