O fogareiro

Estórias de um motorista de táxi de Lisboa

29.12.06

Taxista é um repórter à solta na cidade. Pela minha parte, gosto de captar o «momento», o cliente que acrescentou algo à «corrida». Transporto dezenas de pessoas diariamente, mas só registo os factos que me deixam a pensar «naquela» viagem. A grande maioria, volvidos escassos minutos, perde-se na minha memória. Como é natural!
Não sou louco! Nas últimas semanas foram assaltados vários taxistas, todos por gente de origem africana. A «coisa» está a ficar feia e compreendo a reacção de muitos camaradas que trabalham à noite e se recusam a transportar «negros», mas custa-me aceitar a discriminação. O mesmo se passa em relação à comunidade cigana, também considerada de risco.
Hoje transportei um cidadão cigano ao Hospital de São José. Veio do Montijo, visitar um tio algarvio que foi internado de urgência, com o rosto desfeito, em consequência do coice de um cavalo. A situação era dramática para o meu cliente. Tentei confortá-lo, mas ao mesmo tempo senti (sem o mostrar) enorme prazer ao ouvi-lo falar da «desgraça» que aconteceu ao seu familiar, por quem revelou muito carinho. Não um «prazer» de gozação (seria incapaz desse sentimento mesquinho), mas pela forma como ele se exprimia. Gosto daquele jeito cigano de falar e de dramatizar as situações...

27.12.06

Ramona (avó), Maria Luísa (filha) e Gemma (neta) estão de visita a Lisboa e seguem esta semana para o Funchal, onde passam o Ano Novo. Três catalãs de Barcelona, três gerações. Coube-me ser motorista e guia turístico e confesso que passei dois dias muito agradáveis. No primeiro visitámos Lisboa; no segundo viajámos por Sintra, Cabo da Roca, Guincho, Cascais, Estoril... Deram-me luz verde para escolher os melhores locais e penso que não defraudei as expectativas das minhas clientes.
[Apenas um senão: ontem, terça-feira, houve tolerância de ponto e o Palácio da Pena esteve fechado. Fiquei sem palavras! Como é possível? Centenas de turistas à porta, incrédulos! Somos o «país do absurdo, um país sucessivamente adiado», como afirmou Alexandre O’Neill.]
Dois dias de viagens e... muitas conversas. A avó Ramona, de 87 anos, lúcida e com memória de elefante, falou-me dos tempos em que a língua catalã era proibida na própria Catalunha; e das barbaridades da Guerra Civil de Espanha. Maria Luísa, mais reservada, não se deu bem com as curvas da serra de Sintra (apesar da condução suave...) e só no Cabo da Roca deu um ar da sua graça, maravilhada com a paisagem deslumbrante.
A conversa com Gemma versou outros temas. Advogada em Barcelona, falámos de política, economia... Disse-me, nomeadamente, que o «boom» da economia espanhola chegou ao fim. E a questão da autonomia da Catalunha?, quis eu saber. Gemma esboçou um sorriso: «Damos muito à Espanha e nada recebemos em troca.»
Despedimo-nos no átrio do bonito Hotel Pestana Palace. A avó Ramona fez questão de dar um beijinho ao motorista. E eu fiquei embevecido com a simpatia destas três catalãs que me proporcionaram dois dias bem diferentes.
– Gràcies! (em catalão)
– Obrigado!

Um sorriso contra o frio

Luminosa mas apressada, Maria José surge na esquina da grande alameda. Veste um longo sorriso contra o frio, como se fosse um cachecol. Tem uma memória justificativa para a pressa que nos leva a beber o café e comer a empada ao balcão. Em voz baixa explica o problema: «O meu pai abre a porta a toda a gente…» Ora abrir a porta a toda a gente é hoje em dia um problema na grande cidade, mas era habitual há sessenta anos, quando o pai de Maria José veio da aldeia para Lisboa para conduzir um táxi.
Arrumado o automóvel verde e preto, finda a corrida, o pai de Maria José faz fisioterapia todas as semanas e sorri para as netas que invadem a sua casa de tarde à procura do lanche e dos trabalhos de casa que se misturam com as brincadeiras próprias da idade. Maria José torna-se uma enfermeira sem diploma junto do pai e uma monitora infanto-juvenil junto das sobrinhas.
Tal como um poeta que morre para que o poema viva, tal como o autor que se dilui na obra, Maria José não tem tempo para si e veste um longo sorriso contra o frio e contra a sua solidão povoada. Mas o Mundo é pequeno e ainda tenho tempo para lhe recordar a semelhança entre a Fonte Luminosa e a sua aldeia lá na serra do Açor. Ambas são um Monte Frio. Só que este monte frio onde nos encontramos a correr é povoado por centenas de automóveis, é poluído por ruídos e faz um apelo à deserção.
O outro Monte Frio é um chamamento a ficar, entre as pedras da serra e a água do rio Ceira. Sem esquecer as casas, o calor da lareira, o fumo debaixo dos chouriços, o pão quente a sair do forno e o vinho que faz vibrar todos os sentidos de prazer. Luminosa mas apressada, Maria José surge na esquina da crónica e permanece mesmo quando diz adeus.

José do Carmo Francisco

22.12.06

O «Cemitério de Pianos» de José Luís Peixoto

Nos Jogos Olímpicos de 1912, em Estocolmo, o maratonista português Francisco Lázaro morreu ao quilómetro trinta. Era carpinteiro numa oficina do Bairro Alto e vivia em Benfica. A partir deste «drama em gente», José Luís Peixoto organiza uma ficção na qual se permite algumas fugas ao verosímil.
Por isso há passeios em Monsanto, há a telefonia a tocar, há semáforos e há telefones na casa do carpinteiro, ou seja, quatro coisas que não existiam em 1912. Mas o que José Luís Peixoto alcança é uma ponte entre a realidade real de um carpinteiro atleta de 1912 e uma família de um certo tempo português. Uma família onde os alcatruzes da vida colocam amor e morte em doses iguais, onde se respira o verso de um folheto. O verso é o seguinte: «enquanto um de nós estiver vivo seremos sempre cinco».
Tal como num poema ou numa oração, as palavras de José Luís Peixoto ligam de novo duas realidades que o tempo separou. As páginas deste livro são um encantatório ponto de encontro entre verdade e ficção. Mas sem equívocos.
O narrador avisa: «O tempo, conforme um muro, uma torre, qualquer construção, faz com que deixe de haver diferenças entre a verdade e a mentira. O tempo mistura a verdade com a mentira. Aquilo que aconteceu mistura-se com aquilo que eu quero que tenha acontecido e com aquilo que contaram que me aconteceu. A minha memória não é minha. A minha memória sou eu distorcido pelo tempo e misturado comigo próprio: com o meu medo, com a minha culpa, com o meu arrependimento.»
Este «Cemitério de Pianos» é a inesperada, fascinante e impressiva metáfora do Tempo Português do século XX. E a prova de que a única resposta à morte só pode ser o amor.

José do Carmo Francisco

21.12.06

A poesia do futebol

[«Eles ganham mas à vezes perdem. Eles vivem mas às vezes morrem. Sempre que sofrem um golo impossível, sempre que no último minuto se deixam bater e um resultado muda, é uma pequena morte. Um esquecimento negro esconde no olhar dos adeptos todas as defesas, todas as intervenções positivas dos restantes minutos.»]

«Os Guarda-Redes Morrem ao Domingo» é um livro de José do Carmo Francisco, escritor que tem no futebol uma das suas fontes de inspiração. A exemplo do norte-americano Ernest Hemingway, que fez de Espanha a sua segunda pátria e escreveu sobre as corridas de toiros, também José de Carmo Francisco conheceu a natureza profunda desse outro «ritual» que é um jogo de futebol, identificando-se com o jogador, assimilando-lhe a glória e a tristeza e transformando-as em poesia, «obrigando-nos» a uma reflexão sobre a própria vida. «Durante uma corrida sinto-me muito bem, tenho o sentimento da vida e da morte, do mortal e do imortal. Terminado o espectáculo, sinto-me muito triste, mas maravilhosamente bem», escreveu Hemingway, simbolizando nas corridas de toiros o conflito do homem com a morte.
Manuel Alegre, também autor de belos poemas sobre o futebol e os seus principais intérpretes, traçou assim o perfil de José do Carmo Francisco: «É um dos raros poetas portugueses que foram capazes de perceber a poesia do futebol. O primeiro poema que li dele, belíssimo, foi sobre Manuel Fernandes. Como Drumond de Andrade ou Cabral de Melo Neto, José do Carmo Francisco quebrou o tabu e o preconceito. Num tom por vezes coloquial, com um lirismo quase pudico e um sábio prosaísmo, ele sabe transmitir-nos o mistério e a magia do jogo, a festa e a tristeza, a angústia, a ânsia. É um excelente poeta que captou o essencial da poesia moderna e trouxe à nossa literatura um dado novo: a poesia do futebol. O ‘Mito de Pepe’ ou ‘Vasco em Elvas – 1946’ (ano em que o Belenenses foi campeão) são grandes poemas que merecem figurar em lugar de destaque em qualquer antologia da poesia portuguesa.»
Sportinguista, José do Carmo Francisco acompanhou durante vários anos o futebol jovem dos «leões» e escreveu, semanalmente, crónicas no jornal do clube, além de ter colaborado em A BOLA. «Todos jogamos para não morrer, todos escrevemos para não morrer. Para mim, desde sempre e talvez para sempre, futebol e poesia são dois ramos da mesma árvore.»

PS – Já não é a primeira vez que falo de José do Carmo Francisco, amigo de longa data. Só agora descobriu «o fogareiro» e teve a gentileza de me enviar alguns poemas e textos inéditos. Este «cantinho» fica mais rico, e de que maneira!, com tão preciosa colaboração.
Obrigado!

20.12.06

Pausa nas «corridas» para assistir ao lançamento do primeiro livro do Adriano, um ex-companheiro de trabalho e, acima de tudo, um bom amigo.
O convívio aconteceu no bar do Chapitô (Bartô), na Costa do Castelo. O livro tem um título esquisito à brava («Esquizofrenias de Bolso»), mas vale a pena ler as estórias surrealistas do Adriano. O talento e a imaginação à solta!
E, já agora, uma referência para o editor, o Nuno, também um bom amigo. Fundou uma editora original (Sombra do Amor), em parceria com «nuestros hermanos», está a dar os primeiros passos e desejo-lhe toda a sorte do mundo.

15.12.06

A baliza desguarnecida de Sozinho Armando

Nélson Saúte – sociólogo e escritor moçambicano pouco conhecido em Portugal. A leitura de «O Apóstolo da Desgraça» levou-me a redescobrir novos sons, novas cores, o prazer de ler estórias. «A baliza desguarnecida de Sozinho Armando» é um dos contos que aqui reproduzo, com a devida vénia:

Sozinho Armando saiu do estádio superlotado de alegrias. Já descia o atalho que o levava do futebol, mas a multidão ainda lhe habitava, a claque vibrando em seus ouvidos. A imagem do jogador do Maxaquene ainda rematava na sua memória o golo da vitória. Era urgente comemorar. No bar O Bazuqueiro sentiu a sua multidão, aplaudindo a cerveja. Cada copo comemorava um golo. Lembrou-se da promessa à saída do estádio: hoje não vou bater na Esmeralda. Até lhe vou levar uma prenda, ela merece tal alegria.
De facto, ela merecia. Afinal, a paga dos seus sacrifícios eram pancadas, todos os dias, depois do encontro com os copos. Ela se encolhia nos seus choros, amparando os filhos para os proteger das sobras da porrada. Esmeralda ouvia os relatos, mesmo não gostando da bola. Queria saber se o Maxaquene ganhava ou não e assim adivinhava como seria a chegada do marido. Sozinho Armando descarregava nela a euforia das multidões. Debruçada sobre o Xirico, os rádios que o socialismo inundou no país, Esmeralda jogava à baliza do Maxaquene. O avançado adversário fuzilava o guarda-redes e ela levantava voo, os sonhos dela caíam sobre o parquet. Nessa tarde, ela também recebeu o troféu da vitória.
Entretanto, no bar O Bazuqueiro os copos vazavam-se na alegria de Sozinho Armando. Prenda! Para quê prenda?! Uma mulher não pode levar muito mimo, senão fica estragada.
Ele pensava na Esmeralda: será que ela ouvia o relato sozinha?! Como é que o vizinho, um gajo do Desportivo, sabia o que se passara no jogo mesmo sem ir ao estádio?! Ouvia na rádio?! Como, se ele não tinha rádio! Ou ouvia os relatos no Xirico familiar e ao colo exclusivo da Esmeralda?! A suspeita azedava mais que a cerveja. A alma embriagava-se mais de desconfiança que o álcool. Ele perguntava: será que a Esmeralda tinha coragem para fazer uma coisa dessas?! Mesmo com todas aquelas porradas que lhe dedicava, indubitáveis provas de amor?!
Não!, gritou ele, silenciando a multidão. E, de repente, o estádio ficou desabitado. Sentiu-se só, a baliza desprotegida, o vizinho avançando na grande área. O Desportivo estava prestes a concretizar quando ele derrubou a mesa, partindo todos os copos.
Mas como é?! Não há árbitro nesta merda do jogo?! Porque era bem visível que o vizinho estava fora de jogo, em nítida posição irregular. Assim confirmaram, rindo-se, os clientes do bar O Bazuqueiro.
Entretanto, em casa a mulher preparava a chegada triunfal do homem que trazia os golos nos ombros, galardoado de vitórias. Colocou à vista um vaso que Sozinho Armando chutara para um canto na anterior derrota. Remendou a dor daquela lembrança enchendo o vaso com flores. Foi mesmo mais longe, recolocando na parede o poster rasgado da mulher nua deitada sobre um carro. Olhou o rasgão no cartaz: aquela rotura era a fronteira que dividia o mundo dela e o dele. E depois sorriu: afinal, quem estava rasgado não era o papel mas aquela mulher que invadira a sua soberania. Que estrutura teria emitido guia-de-marcha para aquela mulher se intrometer no reino sagrado que era seu e dos seus filhos?! Mas agora, olhando de novo o cartaz, ela sentia-se dona da situação. Ela, Esmeralda, é que convidara a mulher nua a partilhar da alegre chegada de Sozinho Armando.
Já o seu contentamento enchia a sala, Esmeralda cantando tanto que a voz transbordava. Os vizinhos escutavam tamanha alegria, saudavam o Maxaquene, autor de golos e da felicidade tão momentânea de Esmeralda, sempre magoada de tristezas, sempre derrotada no campeonato da vida.
É então que chega a casa Sozinho Armando. Escutando o derramar da alegria, ele inquieta-se. Qual o motivo de tanta festa na Esmeralda?! Só podia ser a confirmação da sua suspeita: o vizinho do Desportivo marcara golo na sua baliza desguarnecida!

Nélson Saúte

12.12.06

Respondo a uma chamada da Rádio Táxis. À minha espera, no Hotel Avis, tinha duas italianas de meia-idade, que se dirigiam para o aeroporto, com destino a Milão, após quatro dias de estada em Lisboa. Transportam as respectivas malas e... uma embalagem de tamanho razoável que me pedem para tratar com muito cuidado. «São pastéis de nata!»
Paola e Luciana gostaram de Lisboa e prometem voltar. São atrevidas (no bom sentido) e brincam com o motorista, «Manuele»:
– Arrivederci, bambino!
– Arrivederci, cuore!
Até sempre, belas italianas! Que pena estarem de partida...

11.12.06

A polícia pôs em prática uma operação de fiscalização aos imigrantes do Leste europeu, no terminal rodoviário da Gare Oriente. Ionel, romeno radicado há cinco anos em Portugal, foi de táxi ao Bairro de Angola, em Camarate, buscar o passaporte de um amigo, a contas com as autoridades portuguesas.
Ionel fala bom português. Há muitas semelhanças entre as línguas romena e portuguesa e torna-se fácil a aprendizagem. «Trinta por cento das palavras têm raiz comum», diz-me. E há muitas palavras iguais (pai, mãe, filho...), conforme tivemos oportunidade de confirmar durante a viagem.
Quis saber o que levou Ionel a vir para Portugal. A resposta surgiu rápida: «Lá ganhava 200 euros por mês! E tenho dois filhos...»
– Obrigado!
– Multumesc!

7.12.06

Hoje apanhei um grande susto. Por pouco não atropelei uma senhora idosa, na Rua de São Bento. Ela atravessava a via num local sem passadeira, mas via-a ao longe e não vislumbrei qualquer perigo. Porém, a senhora chegou ao passeio e, absorta nos seus pensamentos, fez inversão de marcha e ficou de novo no meio da rua, na altura em que já me aproximava do local. Como circulava a baixa velocidade, consegui travar a tempo, mas fiquei muito nervoso e a pensar nas «armadilhas» que se nos deparam na cidade, mesmo aos condutores mais prudentes, como penso ser o meu caso.

6.12.06

Na Holanda mandam as mulheres e os ciclistas

O António Pereira, esteja onde estiver, será sempre um dos meus melhores amigos. A crónica que a seguir transcrevo (com a devida vénia...) foi escrita na Holanda, ainda ao serviço de A BOLA.

Na Holanda mandam as mulheres e os ciclistas. Estes últimos estão em todo o lado, surgem do nada e atravessam-se à frente dos carros com a mesma naturalidade com que falam ao telemóvel ou montam a bicicleta de canadianas aos ombros, serpenteando alegremente pela infindável rede viária de que dispõe toda a cidade.
Eu, eterno pendura, divirto-me com esta saudável irresponsabilidade, enquanto o Pona, mais rotinado na agressividade verbal das estradas portuguesas, não se cansa de praguejar contra estas melgas, mas tão consciente como eu de que atropelar um deles é mais grave que abalroar uma vaca sagrada nas ruas de Bombaim.
A mesma consequência enfrenta o marido que se atreva a violar o espírito da «ladies night», ou não fossem as rainhas o maior factor de união do povo holandês. Juliana ou Beatriz, uma delas deu um forte contributo à causa feminina ao institucionalizar as quintas-feiras como o dia da mulher, o mesmo é dizer que o marido fica em casa a tomar conta dos filhos, enquanto a mulher sai para o forrobodó ou o que bem lhe apetecer. E escusam eles de montar vigilância, porque em toda a cidade os bares e as discotecas só permitem entrada aos homens já a meio da noite.
Para mim, será, porventura, o maior desafio ao meu conceito de igualdade de direitos e abstenho-me de dizer publicamente o que penso do assunto. Mas dei comigo a rir sozinho nas ruas de Amesterdão, só de imaginar a reacção de alguns maridos que conheço em Lisboa se fossem induzidos a fazer esta pequenina cedência...

António Pereira

Chuva intensa em Lisboa. Transporto uma professora à Escola Marquesa de Alorna. Impossível sair do carro, sob pena de ficar encharcado. Ficámos a conversar durante um bom quarto de hora. E passei a conhecer melhor a situação dos professores. Vida difícil!
«Esta ministra virou a opinião pública contra nós», lamentou, ao mesmo tempo que se queixou da falta de meios nas escolas e da inadequação de muitos programas à realidade actual.
A conversa foi longa. Senti que a professora estava desencantada. Se calhar, a ministra precisa de poisar os pés na terra e conhecer melhor a realidade das escolas, em vez de passar a vida a bater nos professores...